quinta-feira, 26 de maio de 2011

O bom da Coca-Cola não é o bom da gente diferenciada


No início dessa semana, a Coca-Cola lançou no mercado brasileiro uma campanha promocional com o título “semana otimismo que transforma”. Trata-se de uma campanha de comunicação integrada de marketing cujo objetivo consiste em sensibilizar as pessoas a tornarem o mundo melhor por meio do consumo dos produtos da Coca-Cola.

A campanha foi iniciada na segunda-feira, dia 23, e irá até o próximo domingo, dia 29. Exatamente uma semana para os consumidores mostrarem que “os bons são a maioria”, conforme apelo da comunicação apresentada.


A Coca-Cola promete doar parte da receita obtida com as vendas dos seus produtos para programas de reciclagem do Instituto Coca-Cola Brasil. Em outras palavras, o volume de recursos arrecadado com a campanha irá da Coca-Cola para a própria Coca-Cola.

A campanha é de um maniqueísmo ímpar. Contrapõe e manipula as noções de bom e de mau. Conforme o argumento apresentado, quem bebe Coca-Cola é bom, quem não bebe é mau. O consumidor, portanto, irá se redimir bebendo Coca-Cola e, assim, ajudará a salvar o mundo. Resta saber, entre outras coisas, se a gente diferenciada que trabalha com a coleta diária de resíduos nas ruas do país está integrada aos programas de reciclagem do Instituto Coca-Cola Brasil.

Referências Conexas

DAVIS, Joel J. Ethics in advertising decisionmaking: implications for reducing the incidence of deceptive advertising. Journal of Consumer Affairs, v. 28, n. 2, p. 380-402, 1994.

MENDES, Luciano; VIEIRA, Francisco. G. D. ; CHAVES, Carlos J. A. Responsabilidade social e isomorfismo organizacional: o paradoxo de ações (anti)éticas em busca de legitimidade no mercado brasileiro. Gestão.Org, v. 7, n. 2, p. 192-212, 2009.

MILLER, Kenneth E.; STURDIVANT, Frederick D. Consumer responses to socially questionable corporate behavior: an empirical test. Journal of Consumer Research, v. 4 n. 1, p. 1-7, 1977.

MOISANDER, Johanna; MARKKULA, Annu; ERÄRANTA, Kirsi. Construction of consumer choice in the market: challenges for environmental policy. International Journal of Consumer Studies¸ v. 34, n. 1, p. 73-79, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário