A paz está no imaginário de todos. Simbolicamente, assume inúmeras possibilidades. Entre elas, junções como morro-asfalto, favela-bairro, pobre-rico. Tais junções sugerem uma espécie de compreensão de que a paz está nos segundos elementos: asfalto, bairro, rico. A violência, seria o oposto. A junção, portanto, engendraria uma síntese: paz. Governos e gente desavisada pensam assim.
Unidades de Polícia Pacificadora no Rio de Janeiro operam dentro dessa lógica. O discurso é o da ocupação, quando, a rigor, o que parece resolver é a presença do Estado com serviços básicos e não apenas com polícia.
A paisagem estonteante de alguns lugares do Rio de Janeiro até comungam para promover essa síntese. A paz pode até ser representada por meio do anúncio da venda de residências na favela, afixado em cima do grafite que faz parte do ponto turístico. Comércio e, sobretudo, consumo não imaginados em outras circunstâncias. O bom é que, nesse contexto, a paz pode ser tomada por meio de uma de suas principais metáforas: a casa.
Obs.: as fotos acima são do Mirante da Paz, instalado entre o bairro de Ipanema e a Comunidade do Pavãozinho, no Rio de Janeiro.
Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.