terça-feira, 27 de março de 2012

Comércio (e consumo) de órgãos humanos

A vida é um drama. Não necessariamente com um final feliz. Milhares de pessoas precisam e esperam a doação de algum órgão, como rim, fígado, córnea, para a realização de transplantes e tentativa de prolongar o tempo de vida. Nem sempre, contudo, as doações acontecem. Isso faz com que se discuta sobre, e pressione para, a liberação do comércio de órgãos humanos.

Há vários anos - mais de uma década -, tem-se tentado promover um debate sobre essa questão. A liberalização do comércio legitimaria o consumo de órgãos humanos por humanos. Os defensores do livre comércio, liberais em essência, acreditam que a comercialização de órgãos resolveria uma série de problemas e ajudaria a salvar vidas. Aqueles que são contra argumentam, principalmente, que um comércio dessa natureza ultrapassaria limites do ponto de vista moral e induziria pessoas sem rendimento econômico a se mutilarem para vender seus próprios órgãos, como o rim.

A rigor, qualquer que seja a posição que se venha a ter sobre essa questão, ela envolve uma lógica perversa de construção e formatação de um mercado que, antes de mais nada, atende aos interesses das indústrias médica, hospitalar e farmacêutica.

Obs.: a foto acima é de um outdoor na Estação de Metrô Queensway, localizada em Bayswater Road, Londres, Inglaterra.

Esse post compõe uma série chamada “Nota de Viagem”. Trata-se de um conjunto de pequenas observações realizadas durante viagens.

2 comentários:

  1. Olá professor,

    Este post me fez refletir sobre a legalização da maconha. Existem personalidades influentes na sociedade, mídia e na política defendendo fielmente que a legalização da maconha diminuiria muito os problemas de tráfico e consumo de drogas no Brasil, tendo em vista o "sucesso" desta legalização em alguns países europeus. Da mesma maneira acontece com a legalização da prostituição.
    Tendo em vista a diferença de formação e educação de base entre latinos e europeus, para mim, é muito claro que estas legalizações não funcionariam por aqui.
    Considerando que a foto a cima foi tirada em um país como a Inglaterra, tento imaginar como são tratadas estas questões por lá, e como estas mesmas questões poderão ser tratadas por aqui posteriormente.
    Não sei se vejo como um pós-modernismo "muito moderno", se vejo como um avanço da medicina para promover a vida, como um avanço da humanidade, como um retrocesso da humanidade ou mais um absurdo dentre tantos outros que acontecem pelo mundo.

    Um abraço
    Vitor Nogami

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    1. Olá, Vitor!

      Eu não tenho as respostas para tais dúvidas, mas de duas coisas estou seguro:

      1) a comercialização de órgãos humanos representa a criação e formatação de uma novo mercado;

      2) mercados, via de regra, favorecem mais aos agentes produtores e intermediários do que aos consumidores finais.

      Um abraço,

      Francisco Giovanni Vieira

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