domingo, 22 de julho de 2012

Telefone celular como identidade

Se você não possui um celular você não existe! Simples assim. Todos perguntam a todos: qual o número do seu celular? Hoje em dia é quase que impossível preencher algum cadastro ou fazer alguma inscrição sem que se seja instado a fornecer o número de um telefone celular. O celular adquiriu representações e ganhou significados que transcendem a sua condição material: tornou-se uma espécie de documento, uma identificação pessoal. Tal condição, que é recrudescida devido ao uso do celular ocorrer de forma individual e não coletiva – como em um telefone convencional –, termina por ser constrangedora para pessoas que não possuem celulares, pois são tratadas como se fosse imperativo possuir um número. Por outro lado, há aquelas pessoas que usam aparelhos telefônicos com dois ou mais chips e, portanto, possuem mais de um número, que intrepidamente perguntam: você quer o número de qual operadora? Nesse caso, para fazer jus a sociedade pós-moderna, há várias identidades.
 
Referências Conexas
 
Horst, H., & Miller, D. (2006). The cell phone: an anthropology of communication. Oxford: Berg Publishers.

Miller, D. (1987). Material culture and mass consumption. Oxford: Blackwell.

2 comentários:

  1. É verdade, prezado amigo. Eu mesmo sou um sujeito sem identidade ou, melhor, sem existência! Nem eu sabia, mas a própria UEM, em alguns de seus cadastros, exige que se preencha o número de celular (o número é obrigatório, sem o qual não se completa o cadastro, ou seja, já se pressupõe que todos têm ou pelo menos que devam ter). Eu, que não tenho celular (e nem quero ter - dou a mim esse luxo, como me disse há alguns dias um aluno meu) preenchi o número 9999-9999 e, assim, completei meu cadastro no sgp UEM!!!
    Um abraço.
    JM Crubellate.

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  2. Dia dessas, lembrei-me de sua pesquisa quando numa longa espera num local público deparei-me com duas situações. A primeira foi de uma moça bastante simples que tinha recém adquirido um aparelho e não fazia a menor ideia de como funcionava, um rapaz bastante paciente (bastante mesmo), prestou auxílio á moça que precisava falar com a família. Outra situação, essa já mais comum, foi de uma moça que enquanto falava num aparelho enviava mensagem por outro.

    A primeira situação me causou pena e um pouco de raiva porque a moça era realmente limitada, e a segunda situação me causa admiração pelo tanto de coisas que as pessoas têm para falar umas com as outras.

    O celular realmente ganhou um status de extensão de nossa identidade, chegando ao ponto de ser constrangedor não possuir um aparelho, ou, até mesmo possuir um aparelho que tem apenas função de realizar e receber chamadas.

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