domingo, 21 de fevereiro de 2016

Amy Winehouse: uma estrela maltratada


Como destruir um talento natural? Junte um pai desequilibrado, um marido inescrupuloso, assessores gananciosos e uma imprensa sem limites. É isso que revela o filme Amy (Amy, UK/EUA, 2015, 128 min.), dirigido por Asif Kapadia, e que concorre ao Oscar 2016 de melhor documentário. O mundo da música nunca foi linear ou previsível. A genialidade e a originalidade muitas vezes são associadas ao consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Em um estágio ainda muito cedo, logo após atingir o estrelato, Amy Winehouse foi vinculada a essa condição: genial, porém errante - o mundo parece sempre querer a perfeição, mesmo sendo imperfeito. Em certo sentido, o documentário faz um contraponto a essa visão e mostra como Amy Winehouse vai sendo moldada aos interesses da indústria musical e do show business, bem como das pessoas que vivem em seu entorno. O preço do sucesso e de ser alçada à condição de estrela mundial é a perda da autonomia e da vontade própria. Amy Winehouse não foi a primeira e não será a última a sucumbir, ainda jovem, às práticas da indústria do entretenimento e ao seu aparato midiático. Como se pode depreender do documentário, existe uma dinâmica no show business que não é necessariamente negociável. Embora triste, trata-se de um ótimo filme para aqueles que têm interesse em cultura de consumo, pois inúmeros elementos simbólicos, comportamentais e materiais que constroem a narrativa do consumo no mundo contemporâneo estão lá, presentes, especialmente no que concerne ao universo adolescente e de jovens adultos.

Atualização em 29/02/2016: Na noite de ontem, 28/02/2016, o filme Amy foi premiado com o Oscar de melhor documentário do ano de 2015.

Esse post compõe uma série chamada "Filme". Trata-se de sugestões de filmes relacionados à temática de cultura de consumo.

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